Esse é o primeiro de uma série de sonhos e visões dados a Daniel ainda sobre o reinado da Babilônia. Essa revelação ocorreu quando Belsazar era co-regente com seu pai Nabonido no ano de 553 aC. Assim muito próximo da queda desse império. Isso possivelmente ocorreu 50 anos após ao sonho do capítulo 2 dado a Nabucodonosor.
Cronologia das Visões de Daniel
A descrição da visão se inicia com a visão do grande mar, que a maioria dos teólogos analisa com a possibilidade de ser no literal o mar mediterrâneo (Js 17:10) que costeia Israel ou alegoricamente como os Impérios gentios. (Ap 13:1, Ap 17:1, Ap 21:1). Os 4 ventos (Jer 49:36, Zac 6:1-6, Ap 7:1-3)
LEÃO com 2 asas
Babilônia 605 a 539 a.C.
2 asas de águia: representam velocidade de conquista.
Daniel 7:4
URSO com 3 costelas na boca
Medo-Pérsia 538 a 331 a.C.
3 costelas: crueldade ao conquistar a Lídia, Egito e Babilônia
Daniel 7:5
LEOPARDO com 4 asas e 4 cabeças
Grécia 331 a 168 a.C.
4 asas: velocidade de conquista
4 cabeças: 4 divisões do reino após a morte de Alexandre, o Grande
Daniel 7:6
ANIMAL TERRÍVEL E ESPANTOSO
Roma 168 a 476 d.C.
10 CHIFRES
No tempo do fim, nações lideradas pelo pequeno chifre com olhos, o Anticristo
Leão: Como Babilônia (Jr 4:7; 49:19; 50:17, 44; 49:22; Lm 4:19; Ezequiel 17:3, 12; Hb 1:8). Ao arrancar das asas possivelmente simboliza a retirada do seu poder e sua humilhação vista no capítulo 4, bem como o restante do versículo tratando de ser levantado da terra para andar como homem. O símbolo das asas simboliza tanto no Leão como no Leopardoa rapidez de conquista na guerra.
Urso: Como Medo-Persas. Na visão ele vê um lado mais forte porque a os Persas tinham uma forca superior, razão pela os Medos decidiram unir forcas com eles. As 3 costelas devoradas foram segundo a história a Lídia, babilônia e o Egito. Quanto ao fator de o animal devorar muita carne, foi o império que até aquele momento teve a conquista de terra mais ampla sobre os homens.
Leopardo: Como Greco Macedônio. Com a rapidez de um Leopardo, Alexandre, o Grande, conquistou a maior parte do mundo civilizado desde a Macedônia até a África e para o leste até a Índia. O caráter de conquistas militares relâmpago não existe precedentes na história. Ele morre muito cedo, logo após suas conquistas e seus dois filhos foram envenenados pela sua mãe. Assim, o império rapidamente se dividiu em partes pelos seus principais generais. Com o tempo 4 deles se firmaram: Lisímaco (Trácia e Bitínia), Cassandro (Macedônia e Grécia), Seleuco (Síria e Babilônia) e Ptolomeu (Egito, Palestina e Arabia). Alguns poucos consideram Antígono (Asia) no lugar de Lisímaco. Porém, cada um deles governou uma das 4 regiões geográficas, Grécia, Ásia, Egito e Pérsia, não importando os nomes.
Quarto Animal: A maioria dos estudiosos conservadores entendem que o quarto animal representa o Império Romano. Em contraste com a Grécia, a ascensão e queda do Império Romano foi lenta e gradativa. Esse é o mesmo império representado no sonho de Nabucodonosor com as pernas de ferro. Entretanto, como no capítulo 2, temos uma transição das pernas de ferro para os pés de ferro misturado com barro, que Daniel não chama de um 5 império; aqui ele parece ter o mesmo entendimento. Ele vê um animal que faz uma transição para uma visão de 10 chifres.
1ª. Estágio da Visão: Império Romano da antiguidade que durou 500 anos.
2ª. Estágio da Visão: Reino dividido, não se torna um império sobre a terra e será manifesto no tempo do fim, com curta duração de apenas 3,5 anos.
- 10 chifres: 10 reinos/países ou líderes. (Dn 7:24, Ap 13:1, Ap 17:12)
- Chifre pequeno com olhos de ser humano: o Anticristo (Ap 13:1)
- 3 Chifres: Dos 10 reinos iniciais, 3 são destruídos (Dn 7:24)
- Uma Boca: Se levantará contra Deus e seu ungido (Dn 7:25, Ap 13:5-6)
A visão de Daniel não foi única na bíblia sobre reinos e os chifres. João tem uma visão semelhante sobre os domínios da besta sobre a terra de Israel desde o início da história até o estabelecimento do Reino de Deus. Um resumo de Apocalipse 17:9-13 para ajudar o entendimento do 4 animal de Daniel e sua transição:
Reino do Anticristo:
- Perplexidade de Daniel com a Quarta Besta: Ao ver a manifestação dessa Besta deixou Daniel alarmado, possivelmente pela crueldade dos dentes e garras que estão relacionados à capacidade de devorar carne. Porém o anjo não se preocupou em dar muitos detalhes, pois o nível da revelação de Deus é gradativo com o tempo.
- Alguns relacionam os dentes de ferro com a crueldade de Roma e o bronze com a rapidez de conquistas característica da Grécia. Relacionados com a estátua de Nabucodonosor.
- A distinção de bestas que se levantam da terra e do mar (Ap 13:1 e 13:11)
- Ministério da Iniquidade: satanás “levantará” um homem na terra com o mesmo período do ministério de Cristo. Seu anseio é angariar seguidores. (2 Ts 2:3)
- Autoridade para vencer os Santos: Ele recebe autoridade por 42 meses para prevalecer contra os Santos (Dn 7:25, Ap 13:7)
- Tentará mudar os tempos e as leis: Eliminação da cultura judaico cristã e de todos valores e calendários cerimônias que se associam com Cristo. Na revolução francesa já haviam tentado iniciar isso. Romanos 1:24 nos dá uma pista disso, onde Deus entrega o homem sem restrições a busca dos seus desejos. Satanás irá atender os anseios do coração caído. Temos exemplos recentes onde países foram dominados por muçulmanos e foi estabelecido a “Sharia” que mudava as leis e direitos das pessoas.
REINO DE DEUS
- Reino com Cetro de Ferro: No final com a manifestação de Cristo são estabelecidos o Seu domínio e o Reino de Deus. Conforme Daniel 7:12 os reinos da terra são subjugados e sujeitos a Cristo, porém continuam a existir por um período, os mil anos do reino milenar. Porém os Santos reinarão com seu Rei, Jesus, durante esse período conforme o versículo 17.
- Reino Terreno: A palavra profética e o entendimento judaico sempre relacionaram com um reino físico na terra. O conceito de um reino espiritual distante da terra não está na bíblia.
- Julgamento: O anjo continuou a explicar que a corte celestial (v. 10) julgará o chifre pequeno, e Deus removerá seu domínio e o destruirá para sempre (v. 11; 2 Tessalonicenses 2:8; Ap. 19:20).
- Reino Eterno: O reino do Filho do Homem será infinito e mundial. O reino não é apenas o governo dos santos; é o governo do Altíssimo do qual os santos participam. Observe que o reino é descrito como pertencente ao Filho do Homem (v. 14) e ao Altíssimo. Isso implica que eles são um.
A VISÃO DO TRONO DE DEUS
No mesmo período temos Daniel e Ezequiel tendo visões do trono do Senhor ou do Conselho do Senhor. Na visão de Ezequiel 1:26 ele vê um homem assentado no trono, que alguns entendem como uma visão apocalíptica de Jesus, Filho do Homem, assentado nesse trono. Apocalipse 4 traz uma visão semelhante com mais detalhes deste conselho espiritual.
Mais uma vez, Deus em sua revelação profética sobre os sinais dos tempos, estabelece sua soberania e controle de todas as coisas. Porque durante a revelação a Daniel dos reis da terra que assustam Daniel, Ele faz uma interrupção na visão para mostrar toda a glória e poder.
- Ancião de Dias: a representação de Deus Pai em sua autoridade espiritual liderando o conselho espiritual. Vemos a mesma imagem em Apocalipse 5:1 quando Deus Pai passa o testamento ou rolo dos selos para Jesus. Versículo 13 deste capítulo também reforça a imagem de Deus Pai. Os detalhes das vestimentas brancas e cabelos de lã pura trazem a referência a suprema santidade.
- Rodas do Trono: Essa também a visão de Ezequiel sobre as rodas e o fogo ardente em 1:15. Uma perspectiva que o trono se movimenta em qualquer direção, Deus está em todo lugar. Ele é Onipresente e Onipotente.
- Rio de Fogo: em Ezequiel 1:13-14 tem a mesma visão representando o fogo purificador e a pureza na corte celestial. A bíblia sempre manifesta o fogo como agente purificador. Em Isaías 6:6 em sua visão da Corte Celestial uma brasa de fogo é tirada do trono para purificar seus lábios.
- Filho do Homem: uma clara citação a Jesus, o Filho de Deus. O próprio Jesus citou isso em aramaico várias vezes durante os 3,5 anos de seus ministérios. Ele vem com as nuvens do céu são claras referências a Ex 13:21-22; 19:9, 16; 1 Reis 8:10-11; Salmos 18:10; Is 19:1; Jr 4:13; Ez 10:4; Atos 1:9; Mt 24:30; Ap 1:7 Importante entender que a visão trata de Apoc 5:1 onde a autoridade é dada a Jesus por ser achado digno como um cordeiro sem pecado, que morreu e ressuscitou, vencedor.
- Estabelecimento do Tribunal: A maioria dos estudiosos da profecia bíblica entendem que esse será o tribunal de julgamento de Ap 20:12, onde Jesus julgará todos os reis da terra e os seres humanos.
- Reino Eterno: Ao final, serão estabelecidos o reino eterno e a restauração de todas as coisas, e os santos reinarão com Ele por toda eternidade.
Esse foi um grande desafio para os judeus, pois eles acreditavam em um descendente de Davi que seria o Messias prometido que libertaria Israel dos gentios e estabeleceria o reino messiânico, porém não conseguiam aceitar a divindade do Messias, como sendo Filho do próprio Deus. Talvez essa razão por que Jesus se identificava sempre com essa imagem de Daniel, pois aqui claramente há uma divindade no Filho do Homem.
Não é exagero dizer que nenhum outro conceito no Antigo Testamento, nem mesmo o Servo do Senhor, suscitou uma literatura mais prolífica. De todas as figuras usadas no Antigo Testamento para designar o libertador vindouro; rei, sacerdote, ramo, servo, semente - nada é mais profundo do que ‘Filho do homem’.
Aqui há uma visão do homem como ele deveria ser, incorporando perfeitamente todo o seu potencial em obediência ao seu Criador. (Baldwin)